PQC Preparo Químico-Cirúrgico - endo-e

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O objetivo da terapia endodôntica é devolver ao elemento dental a saúde, a função e estética.

Para que seja alcançado esse objetivo, as etapas do tratamento devem ser desenvolvidas, de modo que não seja possível passar para uma etapa seguinte sem que a anterior esteja completa, pois todas as etapas estão inter-relacionadas.

O preparo químico-cirúrgico compreende a modelagem e sanificação dos sistemas de canais, e embora sejam distintos, eles são realizados simultaneamente durante o preparo do canal radicular.

A modelagem é a obtenção de um canal cirúrgico, realizado através da instrumentação, com instrumentos manuais e rotatórios, que apresente conicidade, paredes divergentes para oclusal ou incisal e lisas, que contenha em toda sua extensão o canal anatômico, de modo a não alterar a forma original do canal radicular e que mantenha o forame apical, também na sua posição original.

A sanificação é composta pela ação conjugada de substâncias químicas auxiliares da instrumentação e instrumentos endodônticos, com vistas à promoção da limpeza e desinfecção do sistema de canais radiculares.

Limpeza: Consiste na eliminação de irritantes como os subprodutos de microrganismos e tecido pulpar vivo ou mortificado e outro qualquer componente orgânico ou inorgânico, presente no interior do canal.

Desinfecção: Consiste na eliminação de agentes patogênicos.

 
   

ICS

Canal Anatômico

ICS

Canal Cirúrgico contendo em toda sua extensão o Anatômico

 

MI

Canal Anatômico

MI

Canal Cirúrgico contendo em toda sua extensão o Anatômico

 

MS

Canal Anatômico

MS

Canal Cirúrgico contendo em toda sua extensão o Anatômico

 

Notar os canais anatômicos em vermelho e, em azul, canais cirúrgicos, incluindo a cirurgia de acesso.

Observar que, em azul (canal cirúrgico) o forame foi mantido na forma e posição originais, sem desvios.

 

Os instrumentos manuais endodônticos do Tipo K possuem secção transversal quadrangular (1), os flexíveis secção transversal triangular (2) e os do tipo Hedstroen (H) possuem secção transversal em forma de vírgula (3).

 
Tipo K Tipo K-Flexível Hedstroen 1- quadrangular, 2-Triangular e 3-Vírgula, respectivamente
 

O instrumento endodôntico é formado basicamente por:

  1- Cabo   2- Haste intermediária 3- Parte ativa    
             

D0- Ponta do instrumento (ativa ou inativa)

D1- Diâmetro da ponta do instrumento

D1 ao D16 comprimento da parte ativa (sempre constante)

D16 aumento em mm (0,02 mm do D0 a cada milímetro da parte ativa até 16mm)

 

Os instrumentos podem ser encontrados em tamanhos de 21 mm, 25 mm ou 31 mm de comprimento.

 
    21mm 25mm 31mm
 

Entretanto, eles também são divididos por séries - diâmetro do D1, sendo a série especial #06 (cor rosa), #08 (cor cinza) e #10 (cor roxa), primeira série de #15 a #40, segunda série de #45 a 80 e terceira série de #90 a #140.

Há também uma seqüência de cores, iguais para primeira, segunda e terceira séries: branca, amarela, vermelha, azul, verde e preta.

Importante salientar que, os instrumentos #06 e terceira série, normalmente não são solicitados no Curso de Graduação.

 

Tipo K

Série Especial 25mm

#06, #08 e #10

Tipo K

1a. Série 25mm

#15 ~ #40

Tipo K

2a. Série 25mm

#45 ~ #80

Tipo K

3a. Série 25mm

#90 ~ #140

 

Além dos diâmetros citados acima, todos instrumentos podem variar de comprimento, sendo: 21, 25 e 31mm, dependo não somente do diâmetro, mas também do comprimento do dente a ser tratado endodônticamente.

Ademais, os instrumentos do Tipo K - Flexível e Hedstroen, também apresentam-se nos comprimentos 21, 25 e 31mm, porém são normalmente utilizados os da 1a. e 2a. Série.

 

Para a escolha do primeiro instrumento devemos analisar as condições anatômicas, observando o comprimento do dente, o diâmetro apical e a presença de curvaturas, sendo que este primeiro instrumento deverá ser compatível com essas características, tomando-se o cuidado de pré curvar o instrumento antes da penetração. A troca de instrumentos deverá ocorrer sempre que sentimos a lima trabalhar com uma “folga” das paredes, sendo esse substituído por um de maior calibre. Para a escolha do ultimo instrumento devemos analisar as condições anatomo-patológicas: Condição pulpar (polpa viva ou mortificada), presença de reabsorções etc. Para polpa viva trabalhamos o primeiro instrumento, mais três instrumentos, mais o preparo apical, somando um total de 5 instrumentos. Para polpa morta trabalhamos o primeiro instrumento, mais quatro instrumentos, mais o preparo apical, somando um total de 6 instrumentos. Entretanto, trata-se de uma regra, e esta, deve ser aplicada apenas no início do treinamento. Relevante lembrar que, num dente com curvatura acentuada e canal estreito, portador de polpa mortificada usaríamos como exemplo o instrumento inicial de número 15, mais 5 instrumentos, segundo a regra, terminaríamos o preparo apical com a lima # 40, o que seria muito calibrosa para perfazer o preparo apical, dilacerando ou desviando o trajeto original do canal nas imediações do CRT.

 

Observar nas figuras ao lado que o ICS comporta um instrumento #40 ou até #50 para o preparo apical.

Entretanto, para o molar superior poderíamos no máximo utilizar o instrumento #35, devido sua curvatura apical e diâmetro do canal na raiz mésiovestibular.

 
    ICS MS
 

Cinemática: movimento dos instrumentos endodônticos no interior dos canais radiculares:

A apreensão do instrumento deve ser realizada utilizando-se os dedos polegar e indicador, de modo que os demais dedos atuem como apoio ao movimento de Penetração: ¼ de volta à direita e ¼ de volta à esquerda, ligeira pressão apical até sentir resistência e tração no sentido oclusal / incisal. Este movimento deve ser repetido até que se alcance o CRT, a partir daí se inicia a ação propriamente dita.

Ação propriamente dita: A lima penetra passivamente no CRT, e é pressionada contra uma parede e traciona-se no sentido oblíquo para outra parede – tração em viés, até que percorra todas as paredes do canal, com máxima extensão de 3mm.

Retirada: Em um movimento seguindo o longo eixo do dente, traciona-se para oclusal / incisal sem exercer pressão nas paredes do canal.

Preparo apical: Utilizando-se uma lima superior à última utilizada no preparo, e atingindo o CRT, fazer movimento de ¼ de volta à direita e tração oclusal / incisal, repetir duas ou três vezes o movimento.

 

 

Videoclipe da cinemática da instrumentação

   

As substâncias químicas são consideradas auxiliares, justamente por colaborarem para o processo de limpeza do sistema de canais. Elas são empregadas no interior do canal, e desempenham papel fundamental no preparo químico cirúrgico. A ação das substâncias químicas associada à dos instrumentos endodônticos favorece a sanificação do sistema de canais radiculares por apresentar determinadas propriedades como: facilitar a ação dos instrumentos; auxiliar na remoção das raspas de dentina e restos orgânicos e inorgânicos e também apresentar propriedades bactericidas.

A utilização, durante o preparo químico cirúrgico, do creme de Endo-PTC, composto por: Tween 80, Peróxido de Uréia e Carbowax, associado ao Hipoclorito de Sódio (NaOCL) na concentração de 1,0 %, promove uma reação de efervescência continuada com a liberação de oxigênio, que favorece a instrumentação, atuando como agente lubrificante, antimicrobiano, solvente de matéria orgânica, desodorizante, clareador e detergente por promover a saponificação de lipídios.

Essa etapa da utilização da substância química é constantemente renovada, pela troca da substância toda vez que cessar a efervescência, sendo essa troca feita através de irrigação com Hipoclorito de Sódio (NaOCL) na concentração de 1,0 %, concomitante com a aspiração.

O EDTA-T a 17%  é o ácido etilenodiamino tetracético que apresenta propriedades como: ação descalcificante, capacidade de remoção de matéria inorgânica, aumento da permeabilidade dentinária, abertura dos túbulos dentinários, além da associação do tergentol na solução (tensoativo aniônico). Sua utilização se dá como irrigação final (no mínimo 5ml), na remoção da matéria inorgânica e abertura de túbulos, ou para instrumentação, em casos de canais com dentina muito calcificada, devido a sua ação quelante.

O EDTA 17% e o Ácido Cítrico 15% também são eficientes descalcificantes e largamente utilizados para a irrigação do canal radicular (5ml no mínimo) durante a terapia endodôntica contemporânea.

Por fim, as substâncias químicas são fundamentais para que a fase de Preparo Químico Cirúrgico alcance seus objetivos de sanificação e modelagem do sistema de canais radiculares.

 
  Hipoclorito de Sódio (NaOCL) na concentração de 1,0% Creme de Endo-PTC EDTA-T a 17%